quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O “Dolce far niente”



Primeira vez que ouvi a expressão italiana “dolce far niente” foi quando assisti “comer, rezar, amar”, que basicamente significa a doçura de não fazer nada, aproveitar aquele momento em que nada acontece, em que o mundo externo é apenas um detalhe para a doçura do nada, e um detalhe insignificante.
O problema que é hoje em dia não praticamos nada ligado ao “dolce far niente”, a verdade é que o nada nos assusta, o silencio virou o bicho papão do nosso armário. Não nos permitimos mais o nada, o ficar sozinho, saborear uma tarde de nada lendo um bom livro com um chá com mel ao lado, em um belo balanço de madeira no jardim (devaneios meus). Temos medo demais da solidão e, me desculpem se eu entendi errado, mas não há um bom “dolce far niente” se não for sozinho.
Nos dias de hoje, temos que sair, somos obrigados a engolir o mundo e as pessoas que vem com ele, nos enfurnamos em ambientes que talvez nunca desejássemos estar, pois, o proibido é ficar, é se deixar de lado, quando na verdade o que faríamos era o permitir se deixar de lado. Nossos momentos reflexivos são no travesseiro, antes de dormir, sendo que temos que acordar daqui a seis, quatro, três horas. O momento de ficar só acabou, estamos em uma nova era, do tudo ao mesmo tempo agora e, ai de você se não acompanhar, se não respirar os mesmos ares dos outros, agora o anti-massa é feio e politicamente incorreto, e os padrões caso quebrados geram verdadeiras penitencias sociais. Convenhamos que viramos um rebanho.