Fatos e Devaneios
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Ela perguntou se ele queria outro cigarro, ele gentilmente recusou. Não se importando muito com a forma como ele havia recusado, resolveu acender outro para ela mesma. Ficou um tempo absorta em sim, pensando no motivo pelo qual o cigarro sempre dava um bom encerramento ao sexo. Pensou se era algo poético ou simplesmente ordinário demais para se colocar até em prosas. Olhou de relance para ele e viu que já tinha aberto seu livro favorito, não entendia o motivo de tanto fascínio pelo “Grande Gatsby” que ele mantinha, afinal de contas, já o havia lido pelo menos umas sete vezes. Tentou se distanciar desse pensamento e se levar para um pouquinho longe. No entanto, o fato de ter que olhar para o teto e não poder ver as estrelas a incomodou bastante ao ponto de sair do seu transe. Levantou-se, ainda nua, apagou o cigarro e vestiu seu robe de seda. Dirigiu-se até a cozinha, serviu-se de uma generosa taça de vinho branco, sentou num banquinho e tentou de novo entregar-se a algum lugar que não fosse àquele. No entanto, o barulho da geladeira incomodava demais para ficar ali e tentar fugir de si mesma e do mundo. Voltou para o quarto, tomou todo o vinho da taça em um só gole, dirigiu-se ao namorado e falou: - “A partir de amanhã, abriremos um buraco no teto, não consigo mais passar uma noite sem as estrelas”.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O “Dolce far niente”

Primeira vez que ouvi a expressão italiana “dolce far niente” foi quando assisti “comer, rezar, amar”, que basicamente significa a doçura de não fazer nada, aproveitar aquele momento em que nada acontece, em que o mundo externo é apenas um detalhe para a doçura do nada, e um detalhe insignificante.
O problema que é hoje em dia não praticamos nada ligado ao “dolce far niente”, a verdade é que o nada nos assusta, o silencio virou o bicho papão do nosso armário. Não nos permitimos mais o nada, o ficar sozinho, saborear uma tarde de nada lendo um bom livro com um chá com mel ao lado, em um belo balanço de madeira no jardim (devaneios meus). Temos medo demais da solidão e, me desculpem se eu entendi errado, mas não há um bom “dolce far niente” se não for sozinho.
Nos dias de hoje, temos que sair, somos obrigados a engolir o mundo e as pessoas que vem com ele, nos enfurnamos em ambientes que talvez nunca desejássemos estar, pois, o proibido é ficar, é se deixar de lado, quando na verdade o que faríamos era o permitir se deixar de lado. Nossos momentos reflexivos são no travesseiro, antes de dormir, sendo que temos que acordar daqui a seis, quatro, três horas. O momento de ficar só acabou, estamos em uma nova era, do tudo ao mesmo tempo agora e, ai de você se não acompanhar, se não respirar os mesmos ares dos outros, agora o anti-massa é feio e politicamente incorreto, e os padrões caso quebrados geram verdadeiras penitencias sociais. Convenhamos que viramos um rebanho.
O problema que é hoje em dia não praticamos nada ligado ao “dolce far niente”, a verdade é que o nada nos assusta, o silencio virou o bicho papão do nosso armário. Não nos permitimos mais o nada, o ficar sozinho, saborear uma tarde de nada lendo um bom livro com um chá com mel ao lado, em um belo balanço de madeira no jardim (devaneios meus). Temos medo demais da solidão e, me desculpem se eu entendi errado, mas não há um bom “dolce far niente” se não for sozinho.
Nos dias de hoje, temos que sair, somos obrigados a engolir o mundo e as pessoas que vem com ele, nos enfurnamos em ambientes que talvez nunca desejássemos estar, pois, o proibido é ficar, é se deixar de lado, quando na verdade o que faríamos era o permitir se deixar de lado. Nossos momentos reflexivos são no travesseiro, antes de dormir, sendo que temos que acordar daqui a seis, quatro, três horas. O momento de ficar só acabou, estamos em uma nova era, do tudo ao mesmo tempo agora e, ai de você se não acompanhar, se não respirar os mesmos ares dos outros, agora o anti-massa é feio e politicamente incorreto, e os padrões caso quebrados geram verdadeiras penitencias sociais. Convenhamos que viramos um rebanho.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Sobre o fracasso
O pior de fracassar é ter que lidar com o erro se esfregando na sua cara o tempo todo que você estiver acordada e quando você estiver dormindo você sonhará com ele também, o pior ainda é quando você descobre que é humana e se depara com as conquistas dos outros no meio de seu fracasso, vira uma mistura de felicidade por você gostar da pessoa porque obviamente se você a detesta isso não fará a menor diferença, talvez você teria preferido que ela nem tivesse sucesso na vida, mas isso não vem ao caso. O fato é que é difícil pra caramba quando você fracassou e vê pessoas conquistando justamente aquilo que você não conquistou.
Você também começa a se questionar quanto de capacidade você realmente possui e se não teria feito melhor se tivesse se concentrado mais, mas talvez o que ocorreu foi simplesmente a vida misturada com suas más escolhas, não da vida mas as suas.
O fracasso é difícil, dói a alma e lhe faz chorar todos os dias (pergunte pra mim), mas, como me disse um sábio alguém o mundo não pára de girar quando você fracassa, não pára de girar para você se recompor ou se reerguer, ele continua girando com pessoas cometendo o mesmo erro que você ou até piores e pessoas que seguem em frente e conquistam coisas mais incríveis. O segredo vem do que você faz enquanto o mundo continua girando e francamente só há duas opções: ou você afunda junto com seu fracasso e se considera o pior dos seres humanos ou você se levanta e entende que pra você se livrar da merda que você próprio se meteu levará um tempo, no meu caso mais seis meses, e não caberá mais a ninguém além de você escolher o que fará enquanto o mundo continua a girar sem se importar que você se machucou durante a queda.
Não há nenhuma forma bonita de dizer isso, ou você se levanta e se sacode pra levantar a sujeira do mundo ou você tatua fracassado na testa.
E sinceramente esta não é uma tatuagem que ficaria bem em mim ou em ninguém que gosta de sonhar alto, talvez planejar não seja algo tão legal assim, mas sonhar é necessário, navegar é preciso e viver os erros também.
Você também começa a se questionar quanto de capacidade você realmente possui e se não teria feito melhor se tivesse se concentrado mais, mas talvez o que ocorreu foi simplesmente a vida misturada com suas más escolhas, não da vida mas as suas.
O fracasso é difícil, dói a alma e lhe faz chorar todos os dias (pergunte pra mim), mas, como me disse um sábio alguém o mundo não pára de girar quando você fracassa, não pára de girar para você se recompor ou se reerguer, ele continua girando com pessoas cometendo o mesmo erro que você ou até piores e pessoas que seguem em frente e conquistam coisas mais incríveis. O segredo vem do que você faz enquanto o mundo continua girando e francamente só há duas opções: ou você afunda junto com seu fracasso e se considera o pior dos seres humanos ou você se levanta e entende que pra você se livrar da merda que você próprio se meteu levará um tempo, no meu caso mais seis meses, e não caberá mais a ninguém além de você escolher o que fará enquanto o mundo continua a girar sem se importar que você se machucou durante a queda.
Não há nenhuma forma bonita de dizer isso, ou você se levanta e se sacode pra levantar a sujeira do mundo ou você tatua fracassado na testa.
E sinceramente esta não é uma tatuagem que ficaria bem em mim ou em ninguém que gosta de sonhar alto, talvez planejar não seja algo tão legal assim, mas sonhar é necessário, navegar é preciso e viver os erros também.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011

An Education (Educação)
Eu recomendo o filme, recomendo para as mulheres principalmente, a estória é simples, porque já aconteceu milhões, digo zilhões de vezes, no mundo todo, TODO MESMO, a graça deste é porque fizeram um filme, tem uma cara indie, a menina é cool, na verdade é tudo cool, porque o filme se passa em Londres, porque o cenário é legal, porque enquanto rola os créditos no final você escuta uma bela música da Duffy, mas tanto a bela música do filme quanto o próprio filme dividem uma verdade em comum. A protagonista do filme é seduzida e se apaixona pelo homem bonito de olhos azuis, um tanto quanto sexy (eu diria, sempre tive uma quedinha pelo Sarsgaard), ele a apresenta à vida, à Paris, à uma boa música e aos bons drinks, a moça ainda está no último ano do segundo grau, e tem potencial para entrar em uma grande faculdade, MAS, ela se apaixona pelo moço sedutor de olho azul, fica noiva e adivinhem?
ELE É CASADO! Não só casado, ele é um sedutor patologico de menininhas, pelo menos, desta vez, algo de bom acontece, nossa protagonista não engravidou como as outras!
Bom, no final ela dá a volta por cima, da forma mais inglesa possível e entra para sua faculdade e anda de bicicleta com rapazes legais, final feliz!
Na verdade é um bom filme. que mostra uma verdade universal: "Minha querida, em algum ponto você vai cruzar com um filho da puta que vai foder um pouquinho a sua vida, mas, isso não te matará, e fica a dica!"
Assistam, mas, não com pipoca, vai no chocolate mesmo!
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Coração partido e as coisas
A irmã mais nova perguntou: - Aonde você ta indo?
- Estou indo comprar uma coisa – Disse enquanto colocava a bolsa no ombro.
- Eu vou também disse a irmã mais nova colocando sua pequenina bolsa no ombro.
- Fica aqui que “maninha” não vai demorar, fica me esperando que eu volto já já.
Depois de um tempo ela regressou com lágrimas nos olhos e um sufoco já familiar em seu coração.
- Porque você ta chorando maninha?
- Por nada, meu amor.
- Você comprou a coisa?
- Não, meu bem, não deu tempo da maninha comprar a coisa. Foi até a porta do seu quarto com lágrimas lhe escorrendo livremente a face.
- Toma aqui maninha uma coisa pra você.
Olhou para as mãos da pequena irmã e viu uma flor. Naquele momento sentiu uma espécie de alívio por saber que até naquele momento que seu coração estava partido era possível encontrar um pouco de delicadeza no momento e que envolveria uma flor e a ingenuidade.
Camila Bastos, em um conto dedicado à sua pequena irmã, Clara.
- Estou indo comprar uma coisa – Disse enquanto colocava a bolsa no ombro.
- Eu vou também disse a irmã mais nova colocando sua pequenina bolsa no ombro.
- Fica aqui que “maninha” não vai demorar, fica me esperando que eu volto já já.
Depois de um tempo ela regressou com lágrimas nos olhos e um sufoco já familiar em seu coração.
- Porque você ta chorando maninha?
- Por nada, meu amor.
- Você comprou a coisa?
- Não, meu bem, não deu tempo da maninha comprar a coisa. Foi até a porta do seu quarto com lágrimas lhe escorrendo livremente a face.
- Toma aqui maninha uma coisa pra você.
Olhou para as mãos da pequena irmã e viu uma flor. Naquele momento sentiu uma espécie de alívio por saber que até naquele momento que seu coração estava partido era possível encontrar um pouco de delicadeza no momento e que envolveria uma flor e a ingenuidade.
Camila Bastos, em um conto dedicado à sua pequena irmã, Clara.
Assinar:
Postagens (Atom)